quarta-feira, 23 de abril de 2008

E no meio de tudo...

...a solidão e a constatação de que cada vez mais sozinhos estamos,
cada um por si.
Porque o tempo do entendimento cedeu ao do julgamento
E o tempo do ‘ouvir’ cedeu ao do ‘falar’... ao da ‘ansiedade por falar’
Atualmente sobram bocas e línguas... bons ouvidos estão em extinção.
Conheço raros, que realmente ouvem o próximo...
e não se ouve apenas com o ouvido...
Cego e surdo... a maioria se torna.

E o silêncio já não é mais bem-vindo, já não é uma dádiva, mas sim um defeito.
O silêncio se tornou problemático.
Indesejado.

O tempo do ‘ser’ virou o tempo do ‘parecer’.
A necessidade por ser feliz destruiu a felicidade.
Um olhar nada mais significa, nada mais transmite.
Os sorrisos são falsos e exagerados.

O tempo do conhecimento cede espaço ao tempo da ignorância.
E o tempo do encontro tornou-se o tempo da fuga.

São muitas preocupações, mas poucas ocupações verdadeiras...
Rara participação...

Nunca houve tanta variedade de comunicação... para tão pouco diálogo,
para tão pouca conversa de fato.
São tantas informações e tantas mensagens no ar,
para verdades cada vez mais escassas.

A desigualdade se tornou um desejo...
E as ambições adoeceram todos.


Não há mais coerência.
Não há mais consistência.
Não há mais consciência.


É preciso terapia para resgatar a consciência...
perdida no inconsciente.

‘Paz e amor’ cedem espaço ao egoísmo...
E os valores se invertem.


Nunca houve tanto passatempo, para tão pouco tempo...
E nunca houve tanto lazer... para tão pouco prazer.

Até quando resistirei a esses novos tempos?
Ao ‘cada um por si’?
Gostaria de dizer ‘tô fora!’...
...mas tenho a sensação de que essa insanidade contraditória toma conta das minhas relações... envolvendo tudo até parecer... até se tornar ‘bonito’.

Um comentário:

Lenissa disse...

Sinceramente não sei nem o que comentar.. Isso é tão tão tão profundo. Concordo com umas discordo de outras, mas essas coisas não são nem pra concordar, nem pra discordar. Só pra sentir e colocar-se no lugar do outro. Deixar as palavras entrarem direto ao coração. E você tem conseguido se expressar de forma muito interessante.